“Somos o que compartilhamos.” — Charles Leadbeater
As redes sociais mudaram o mundo de forma irreversível. Se antes a comunicação era limitada por distâncias e barreiras geográficas, hoje, com um clique, podemos acessar pessoas, notícias e opiniões em tempo real. No entanto, junto com essa revolução digital, surgem impactos profundos — muitos deles silenciosos — na forma como vivemos, pensamos e nos relacionamos.
De acordo com um levantamento da DataReportal, o Brasil é o terceiro país que mais passa tempo nas redes sociais: uma média de 3 horas e 49 minutos por dia. Essa presença constante molda hábitos, padrões de consumo e até nossa saúde mental.
Comparação constante: o peso do ideal inatingível
No Instagram, no TikTok, no LinkedIn: vemos versões polidas, editadas, filtradas da realidade. Isso cria uma sensação de inadequação em muitas pessoas, levando à comparação contínua. Estudos da Royal Society for Public Health mostram que o uso excessivo de redes sociais está diretamente associado ao aumento da ansiedade, depressão e baixa autoestima, especialmente entre jovens.
A psicóloga Rachel Andrew resume: “É fácil esquecer que a linha do tempo de alguém é apenas um recorte; e, quase sempre, o melhor recorte.”
O vício invisível
As plataformas são desenhadas para prender a atenção. A rolagem infinita, as notificações constantes, os algoritmos que oferecem exatamente o que você gosta — tudo isso forma um ciclo viciante. Um estudo da Universidade de Harvard revelou que cada curtida recebida libera dopamina no cérebro, o mesmo neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa.
O impacto na produtividade e na concentração
As redes sociais competem com o nosso foco. Interrupções frequentes, alternância de tarefas e o hábito de checar notificações a cada poucos minutos impactam a produtividade. Segundo o pesquisador Cal Newport, autor do livro “Trabalho Focado”, vivemos em um estado contínuo de distração fragmentada.
Relacionamentos filtrados
Se por um lado as redes aproximam, por outro, criam relações superficiais. Interações digitais muitas vezes substituem conversas profundas. Há um aumento nas conexões, mas uma diminuição da intimidade real.
A influência no consumo
Influenciadores digitais têm hoje um papel maior do que celebridades tradicionais na formação de opinião e hábitos de compra. Segundo pesquisa da Opinion Box, 76% dos brasileiros já adquiriram algum produto ou serviço influenciados por recomendações nas redes.
Política e polarização
Outro impacto evidente é o ambiente político. As redes sociais se tornaram palco de debates acalorados e, muitas vezes, de desinformação. Os algoritmos reforçam bolhas ideológicas, exibindo conteúdos que reforçam crenças existentes e dificultando o contato com opiniões divergentes.
Mudança na percepção de tempo e realidade
O tempo gasto em redes sociais também altera nossa percepção de passagem do tempo e produtividade. Quantas vezes dizemos: “Vou só dar uma olhada”, e quando percebemos, se passaram horas?
“O tempo que passamos conectados deveria servir à nossa vida, não sequestrá-la.” — Cal Newport
Pensamento (im)pessoal
Levanta a mão quem é refém do Instagram/X/Facebook🙋♂️(no meu caso apenas o Instagram, mas mesmo assim isso está acabando comigo).
Nós não deveríamos dar tanta importância para o que acontece dentro das redes, mas nós fazemos exatamente o oposto, e por que é tão difícil fazer isso? Porque nós queremos nos encaixar, nós queremos opinar, nós queremos aparecer (não importa como), e isso muitas vezes faz com que nós não sejamos nós mesmos.
Eu sei que é difícil não estar conectado, eu já tentei largar esse mundo várias vezes, e por mais que eu seja um low profile, eu não consigo, é mais forte que eu. Eu tenho que jogar 2h do meu dia fora para ver a vida de pessoas que nem sabem que eu existo, para discordar de opiniões que não são iguais as minhas e para rir de coisas que não são engraçadas.
O ponto é: isso acaba com nossa mente!
Nós ficamos mais burros, mais insensíveis, menos atrativos etc. Num mundo ideal as redes sociais não deveriam mascarar, mas sim mostrar a realidade como ela é, por pior que essa realidade seja.